O mexilhão dourado é um molusco bivalve originário da Ásia. A
espécie chegou à América do Sul provavelmente de modo acidental na água
de lastro de navios cargueiros, tendo sido a República Argentina o
ponto de entrada. Do país vizinho chegou ao Brasil. Hoje a espécie já
foi detectada em quase toda a região Sul e em vários pontos do Sudeste e
Centro-Oeste.
Durante a fase larval o “mexilhão-dourado” é levado livremente pela
água ou por vetores (objetos que transportam a larva em sua superfície
ou em seu interior) até que termina por alojar-se em superfícies
sólidas, onde se fixa e cresce formando grandes colônias.
Por ter uma grande capacidade de reprodução e dispersão, além de
praticamente não ter predadores na fauna daqui, o mexilhão se espalha
com rapidez, e por isso a espécie é considerada invasora. Pelos danos
que causam, as espécies exóticas invasoras são consideradas “poluição
biológica”. Estudos mostram que as invasões biológicas são a segunda
maior causa de extinção de espécies, atrás apenas da destruição de
habitats.
Dentre os prejuízos causados pelo mexilhão-dourado podemos citar:
- Destruição da vegetação aquática;
- Ocupação do espaço e disputa por alimento com os moluscos nativos;
- Prejuízos à pesca, já que a diminuição dos moluscos nativos diminui o alimento dos peixes;
- Entupimento de canos e dutos de água, esgoto e irrigação;
- Entupimento de sistemas de tomada de água para geração de energia
elétrica, causando interrupções freqüentes para limpeza e encarecendo a
produção;
- Prejuízos à navegação, com o comprometimento de bóias e trapiches e de motores e estruturas das embarcações.
O mexilhão-dourado e você: saiba o que fazer para não dar carona a esse bicho
A larva do mexilhão-dourado é muito pequena, e por isso invisível a
olho nu. Ainda que ela possa nadar, a maior parte de seu deslocamento
ocorre de modo passivo, quer dizer, ela é levada pelas correntes
aquáticas, aderida em cascos, redes, conchas ou qualquer coisa molhada e
até mesmo pela água do esgoto, podendo vir a contaminar locais que
estavam livres do mexilhão.
Esta larva microscópica pode estar presente na água que você coleta e
transporta mesmo sem perceber, como a que fica no sistema de
refrigeração do motor do barco ou nos baldes de iscas vivas, podendo
causar uma nova infestação, mais incômodo e prejuízo aos usuários dos
recursos hídricos e à sociedade em geral.
A dispersão dos adultos é feita pelo seu transporte em cascos de
embarcação, redes, conchas, galhos e outros objetos lançados ou
presentes na água. Quando a concha está fechada, o mexilhão pode
sobreviver bastante tempo fora da água.
Quase todas as atividades que envolvem a água de rios e lagos podem
transportar este mexilhão para outros locais, alguns ainda não
contaminados. Depois que as colônias estão instaladas, é impossível
erradicá-las com os recursos e os conhecimentos atuais. Por isso devemos
evitar espalhar a contaminação. Como uma única larva microscópica pode
contaminar um local, também é impossível que os órgãos públicos como a
polícia e o Ibama fiscalizem a dispersão. Por isso é importante que
todas as pessoas se esforcem para não dispersar mexilhões e informem
seus amigos e conhecidos sobre este assunto.
Agricultores
Descarte a água de irrigação ou piscicultura no solo ou no mesmo
corpo hídrico onde ela foi captada, de preferência acima do ponto de
captação. Nunca descarte a água em outro rio, lago ou açude e nem na
rede de esgoto.
Isso vale também para a água de criatório de alevinos, tanques de
reprodução ou qualquer água que não seja proveniente da rede de
abastecimento de água tratada ou de poço artesiano. Se raspar
incrustações de mexilhão-dourado de algum equipamento, enterre-as longe
da água.
Usuários de embarcações de qualquer tamanho
Examine periodicamente seu barco e raspe as incrustações que encontrar, enterrando-as longe da água;
Retirar a água acumulada no fundo do barco ou em outras partes do mesmo, descartando-a em terra firme;
Lave a embarcação com solução de água sanitária antes de colocá-lo em outras águas.
Pescadores
Se você pesca embarcado, tome os mesmos cuidados que os outros navegantes;
Descarte a água das iscas vivas em terra, longe de rios, lagos e esgotos;
Limpe os petrechos de pesca com solução de água sanitária caso vá usá-los em outro local.
Links úteis
Artigos e publicações científicas
MANSUR, Maria Cristina Dreher et al. Primeiros dados
quali-quantitativos do mexilhão-dourado, Limnoperna fortunei (Dunker),
no Delta do Jacuí, no Lago Guaíba e na Laguna dos Patos, Rio Grande do
Sul, Brasil e alguns aspectos de sua invasão no novo ambiente. Rev.
Bras. Zool. [online]. 2003, vol.20, n.1, pp. 75-84. ISSN 0101-8175.
http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v20n1/v20n1a09.pdf
Projetos
Eventos
Fonte: http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas/mexilhao-dourado